Friday, November 15, 2013

Por ti eu o farei

Tu, meu amigo, meu ente querido, me imploras pela libertação de tal dor angustiante que te corrói e destrói a tua essência de ser. Seria eu capaz de o fazer, de acartar todas as consequências morais, a minha consciência, a jurisdição, o código penal?
Seria eu capaz de matar alguém como forma de libertar a sua alma? seria eu capaz, ao ponto de por de parte o meu egoísmo perante tal vida tão imoralmente vivida, tão indigna-mente sofrida?
Para muitos, e respeito tal doutrina, são contra tal acto. A eutanásia é má, vil e vai contra o princípio da vida. Mas será? onde temos nós a verdadeira resposta, a certa? não existe, mas devi,a pois mentes tão ambíguas ai se divergem.
Seria eu capaz de por termo a uma dor angustiante, seria eu capaz de calar um respirar eternamente a pedido genuíno.
Olho para os seus olhos e vejo a dor, o desespero, vejo a ânsia pela morte já anunciada. Posso ser eu um acelerador da morte, um anjo negro que trás conforto e anestesia?
Juridicamente não posso, socialmente praticado mas de forma silenciosa e oculta.
Como posso ser eu capaz de deixar vida moribunda vaguear apenas porque não houve morte cerebral, sua alma pede e implora por libertação, a suas palavras pedem voz mas não a têm. Como posso eu me afastar sem libertar tal alma, fechar meus olhos e me sentir calma, tranquila e bem comigo mesmo.
Como posso eu não fazer algo que espero em caso de infortúnio ter quem me o faça.
Peço que me sejam capazes de silenciar o coração quando a mente começar a ficar perdida, quando meu raciocínio for inútil.
Não quero ser um morto com vida, não quero ser um respirar inválido, um fardo sofrido para os meus, que com amor, mas grande dor, se encontram presos num vegetal, não podem viver.
Sou a favor da vida, a vida vivida em plenitude, onde existem dissabores, amarguras, mas também sorrisos, esperança e lágrimas brilhantes que uma anedota me fez libertar.
Sim eu serei capaz, pelo menos o espero, se não o fizer é porque sou uma cobarde e egoísta, que não farei algo que também eu quero que me pratiquem.
Que me abafem com uma almofada, que me seja dado um cocktail de comprimidos, que me seja dado um tiro na cabeça. que com duas mãos apertem minha traqueia. Não importa a forma, desde que me libertem de tal angustia que me faz implorar pela minha própria tortura. Que me impeçam de uma grande e mortífera dor futura, que impossibilitem o meu definhar por entre os vivos com vida.
Compreendo quem  seja contra, mas eu não posso ser contra algo que quero que seja um direito meu. Por fim à minha própria vida quando a mesma, perante os meus olhos já não é mais digna.

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