Friday, November 1, 2013

Hades, não hás de voltar

Finalmente deixas-te meu corpo, meu  tormento, Hades que me tentou envenenar com o cálice da sedução. sentia-me tentada, cada vez mais próxima de saciar a minha lacuna desgovernada, minha inocente depravação, fizeste promessas em silêncio, assinamos contrato enjeitado .
Sabia que tal golo me matava, mas queria mais, não te conseguia deixar. Sentia-me hipnotizadamente agarrada, sentia-me a ferver, tinha medo, mas esse medo dava-me vida, sentia-me imobilizada, nervosa, agonizada, mas não deixava de ansiar pelo próximo encontro.
Tinha que parar, sentia-me a definhar, sentia-me estúpida, lacaia, uma simples plebeia no mundo dos patrícios, uma visita inconveniente, uma pessoa sem ius, uma pessoa sem vis, uma pessoa desejosa de intervenção divina.
- BASTA, já chega! Mando o cálice para o chão, afasto-te de mim e te repudio, demónio, serpente, anjo caído, seu Judas. - Deixa-me, não podes mais dominar meu mundo, não podes mais mexer na constitucionalidade de meu coração. Ele é feito de Direitos humanos, em prol de mim mesma, e só de mim, deixa os Direitos Fundamentais que invoca o bem estar da colectividade, meu coração não é um Estado, meu coração é uma fonte. Fonte que não pode ser desperdiçada por delírios juvenis, por platónicos sentimentos, por desperdícios de tempo, meu custo por beneficio, não meu custo oportunidade. Minha cruz marshalliana não pode ser alterada, meu ponto de equilíbrio não pode ser mexido. Meu ponto de vista tem de ser doutrinal, seguindo BGB, Napoleão e Seabra como referencia de marco histórico de meu coração.
Que regurgito  saem de meus dedos, que invocações inválidas são por mim projectadas.
Tiraste-me o tino, a respiração, a calmaria. Seduziste-me com as palavras, não só as faladas e acompanhadas por gestos e abanos, expressões e comentários, por pensamentos tão mal disfarçados.
Mas também pelas prosas invocadas em textos e papiros, por descrições impossíveis mas visíveis em meus olhos,  pelas antíteses tão similares, pelos devaneios, sonhos, fantasia, qui sait desabafos e paixões vividas.
Homem de paixão, de politicas e de um bom livro, que fascínio enganoso. que engano de meus olhos. ias-me matando, mas não te deixei.
Tive força para me esconder, tive força de não te enfrentar e assim deixar que teu ser, teu olhar se deixe de alimentar deste doce néctar que é a inocência estudantil.

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