Tuesday, October 29, 2013

Pessimismo de Hobbes

O Homem é um ser mau, um ser que se corrompe sozinho, não é preciso engano, a maçã encarnada, a árvore proibida, a serpente maliciosa. não é preciso propriedade, não é preciso poder politico, não é preciso dinheiro. Basta se ser. Basta ter nascido, basta ter-se vindo irracionalmente racional.
Basta querer um pouco de pão, basta querer um copo de água. Basta ser naquela montra um reflexo que se anseia, uma mala Louis Vuitton, uma simples blusa da HM.
Basta nada, não é preciso nada disso, basta se respirar, basta se alimentar, basta pensar, basta se gananciar.
O Homem é um ser naturalmente mau, está na sua essência como o raciocínio e a capacidade de tirar o braço quando queima.
O Homem é simplesmente Maquiavel, para ele os fins justificam os meios. Mas por vezes nem os fins são válidos.
- Vou-te enterrar porque combina com a minha imagem. Vou te denunciar porque assim ganho um voto e um vale.
Nem o traidor de Viriato se safou com tal pensamento, sendo morto por seu comprador Cesar.
E tu, sim tu, porque o fazes? porque és uma pessoa maliciosa que só pelo gosto de repreenda falas de forma condenatória e sancenatória? És Juiz, tens jurisprudência? és uma filosofa das palavras, morais e costumes?
Até Jesus Cristo, Sr. dono de uma religião que tem como rebanho meio mundo ocidental e outras partes, perdoa e não condena. porque atacas quando não te atacam, porque gozas quando não é humor?
Porque magoas alheios com os teus actos e palavras de malvadez e raquitismo construtivo? porque magoas, os que te ajudam, te dão a mão e te são companheiros? porque adoras salientar as falhas?
Avisa, comenta explica, sê solidário ser supostamente racional. Lembra-te que também tu podes precisar de um amparo.
Sê o anjo que tanto anseias que te salve, sê o amigo do teu inimigo, fala baixo quando te gritam, dá a mão quando uns te afastam. Tenta salvar uma vida, nem que seja dando um sorriso que impede um salto mortal.
Porquê vós sois tão mau? porque vós sois tão cruéis para convosco próprios? Porque se esfaqueiam entre cinismo, sarcasmos e grunhidos palavreados?
Se pudesse renunciava este meu estado, deixava de ser humana, de ser racional, de ter a chamada lógica, capacidade cognitiva. Se pudesse renunciava tais supostos bens, pois no fundo para mim, e vendo-te a ti, meu suposto  igual, meu suposto irmão, minha espécie, tenho nojo de mim mesma, repudia da minha essência, da nossa semelhança.
Posso não ser Cristã, não acreditar na igreja vendida, mas acredito em algo, e se até Jesus, se até esse, não atirou a pedra, pensa, pensa bem antes de envenenares o teu próximo.

Ser humana repudia-me por já não ver humanidade

Friday, October 25, 2013

848º

Para muitos isto não passa de um numero, para outros um grau, uns com um pouco de mais conhecimento uma norma, numa tarefa uma simples diligência.
Mas para mim é muito mais do que isso. é o que não faço, o que não consigo, é o que por vezes queria fazer, mas não posso, meu corpo não deixa, minha cabeça não descansa, minhas entranhas mexem-se que nem loucas.
Não consigo, não posso, não me está no ADN.
Mas o meu ADN é tão complexo, tão cheio de contrariedades, tenho a preguiça, o sonho, a vis, a desculpa, a vontade, a criatividade, a limitação, o medo, o perfeccionismo.
De que sou feita afinal? Sou Vicente ou sou Brito? por vezes sinto-me uma simples Bárbara.
Custa-me definir a minha matéria, a minha essência, a minha naturalidade e até mesmo a minha doutrina.
Falta-lhe um namorado! Foi me dito hoje, por pessoa com excelentes conhecimentos, e pelo que me parece por uma sensibilidade máxima. Meu pai pergunta a minha mãe: ela é feliz?
Pois bem meus senhores, não vos sei responder. Não sei o que vos diga, se nem eu sei  o que se passa.
Apenas sei que não posso desistir, não se enquadra com a minha natureza, posso saber que vou perder, que vou cair, que me vou lixar. Mas não consigo, o nervoso miudinho apodera-se de mim. Não me deixa pensar.
Beber muitos cafés faz mal, não faz mal, bebo 4, já nem isso me mantêm acordada. 
Dormir 4 horas não convêm, há quem diga que não faz mal, e se quero que me esforce.
Preciso de dormir, preciso de estudar, de limpar, não só a casa como a alma e consciência.
Preciso de tempo, Sr. que Estais ai no Céu, me dê um punhado do Seu tempo que Vos prometo dar bom uso ao mesmo. prometo não desperdiçar tal bem tão precioso e escasso.
Deuses do Olimpo, façam de mim meio Deusa para que os anos me sejam mera brincadeira e assim consiga concretizar todas as minhas ambições.
O medo apodera-se, a vontade de falhar aumenta, o descontentamento persiste, a auto-estima esmorece e assim fico eu, sozinha com o meu anti 848. Assim, sem nada para me agarrar, apenas esta insanidade louca que não me deixa dormir. Que me faz pensar freneticamente do que não sei, do que devia conhecer e desconheço. Do que devia ter tentado e não tentei, de tudo o que fiz e não fiz.
Por vezes penso em desaparecer, renascer das cinzas e assim voltar a sorrir. Mas este maldito artigo do Processo Civil a mim não assiste.
Procuro algo mais, o desentranhamento deste auto, desta norma que tanto me incomoda.
Que posso eu mais fazer? caiu, esfolo-me, sangro, choro pequenos lamurios, ajoelho-me, limpo a terra das mãos, passo as mesmas pelo joelho, olho para o cimo e sorriu.
já sei que vou voltar a tentar.

Musica nos ouvidos, uma pequena corrida pela minha terra, respirar fundo, olhar para minha mãe e dizer: tenho que pensar, tenho que arranjar uma solução. durmo cheia de sonhos, acordo cheia de força e lá vou eu em buscas de uma solução.
Mas depois, ....
Vira o disco  e toca o mesmo.


Saturday, October 19, 2013

Um simples devaneio

Estou no corredor, à espera que passes, discreta, com os livros e cadernos, ajeito o decote, afasto o cabelo, caminhamos lado a lado e esboço um simples sorriso, de cortesia, educação.
Descemos os quatro degraus com classe e sintonia, mas simulada e simetria, muitos se deslocam para a saída, acabou o dia, e uns vão para o seu repouso e outros talvez para a Moraria.
Eu sei para onde vou, mas não posso dizer, alias a minha resposta para alheios do meu destino: Vêm-me buscar, adeus e até amanha.
Saiu do átrio, passo pelas grandes colunas e olho para o lado, lá estas tu, com ar sério, necessário para o teu ofício, desces as escadas de forma acelerada, como se corresses para alguma coisa, mas o que tu querias estava bem atrás de ti.
Continuei a saltitar a escadaria, fazendo assim levantar sorrateiramente o meu vestido.
Aproximo-me para uma rua de pouco movimento e caminho em direcção ao meu destino, não sei onde está a minha boleia, mas não faz mal, sei que a vou encontrar, alias que vou ser resgatada.
Passo junto de uns carros protegidos por um muro e sou puxada, confesso que por momentos me veio o medo, mas logo reconheci o aroma, os livros tombam no chão, sou encostada ao muro e sinto bem junto de mim um corpo, só isso que sinto, não vejo bem pois a rua é escura, mas reconheço o respirar, reconheço o tacto, reconheço a minha reacção.
As minhas pernas são delicadamente afastadas fazendo assim o vestido subir. Sinto o meu pescoço a ser apreciado, não só pela tua mão que se tenta apoderar do meu rosto ,como da tua boca que apesar de profetizar os próximos momentos ainda me acaricia, fazendo minha pele ficar toda arrepiada e subsequentemente a minha respiração torna-se inconstante.
Minhas mãos começam a palpar terreno, não só sentir o que me vai atingir como planear os meus próximos passos.
Uma das tuas mãos decide sentir a zona sul do meu corpo, sentes que está quente e queres-me tirar a sua temperatura. Tua mão passa pela minha perna e sente a liga, quando te apercebes que o que segura as meias é um cinto especialmente feminino, burlesco e até doidivanas, esboças um sorriso e comentas: a noite promete.
Sempre fiquei curiosa do fascínio dos homens por tais peças, mas não quis debater tais temas nem politiquices, naquela altura, e por muito fascinada que fique com tuas prosas, não as queria ouvir. Apetecia-me calão, conversa grosseira e actos bárbaros pouco civilizados. Não queria disciplina, mas sim mau comportamento e repreendas.
Sinto a tua mão bem dentro de mim, e apercebes-te do quanto estou molhada, contorço-me, arqueio as minhas costas, afasto minha cara do teu rosto, olho-te sem medo, hesitação ou pudor e peço-te que me fodas, sim foram essas as palavras que prenunciei. Baixas-te enquanto me beijas o ventre e pegas nos livros caídos. Puxas-me pela mão e seguimos para o carro, mas enquanto isso não há palavras, apenas beijos e risos. No carro decido complicar a tua viagem, distancio as pernas mas com o vestido tapando as indecências, mas vou ajeitando as meias a modo que fiquem bem justas ao corpo. Tentas-te concentrar na condução e desvias o olhar, mas a minha respiração não ajuda.
Chegámos à tua casa, e já ai começam as roupas a viajar pelo corredor, mas não deixo os saltos, esses vão permanecer por muito tempo, juntamente com as meias e o colar de pérolas.
Deitas-me na cama, beijas todo o meu corpo, as pernas as coxas, sinto os teus dentes a tentar tirar um pouco da minha carne, as tuas mãos deixam a minha pele vermelha, meu corpo não consegue ficar parado, não me consigo manter imóvel, só quero mais, quero que pares, que continues, que te controles. Já não sei o que quero, espera, não, eu sei o que quero, quero saciar a minha sede, aquela vontade, quero-me vir, quero-te sentir.
Quando o teu corpo já se encontra sobre o meu sinto a tua vontade, e não resisto em provar um pouco, deliras, gemes, invocas os deuses, proclamas palavras sem sentido. Sento-me sobre ti, e ao sentir o teu tronco bem junto do meu peito beijo-te com paixão, de forma calma, tranquila mas forte e violenta. Sinto a intensidade do teu beijo, das tuas mãos e consumamos o acto. As nossas respirações apesar de aceleradas são sincronizadas. O ritmo vai se precipitando, peço-te calma, os corpos estão suados e quentes, a respiração começa a ser quase impossível, como se estivéssemos a ser sufocados, mas não dá para parar, não agora, pegas em mim e deitas-me sobre a cama e assim com toda a tua vitalidade de possuis, minhas mãos arranham as tuas costas, tua boca marca-me, meus dentes serram-te como se fosses um mero pedaço. Viramos animais, viramos selvagens, lutamos sem nos largámos, disputamos o território, não há heróis nem vencidos, apenas nós os dois, no mundo no espaço, não existe mais nada para além do Cosmo.
Sento formigueiro nos dedos, sinto a energia a viajar de forma supersónica, sinto-me a inflamar, sinto-te a entrar em erupção, os sons dominam o espaço, os gemidos são descontrolados e longos segundos depois sinto uma explosão, adrenalina, ira, paixão, tesão, não sei que cocktail é este que se espalha e incendeia o espaço.
Sei que a respiração por segundos faltou, que me senti conscientemente inconsciente, cais ao meu lado, olhamo-nos e o riso substitui os gritos à pouco emitidos. Olhamos um para o outro com ar leve, como se tivéssemos atingido o estado nirvana.