Tuesday, March 25, 2008


acordo sozinha na nossa cama quente, ainda sinto teu cheiro nectariano na almofada de linho branco, fecho os olhos, não para cair no sono, mas sim para melhor sentir o teu cheiro enquanto aperto a almofada com os meus olhos. afasto as cortinas e abro as portadas da janela, por momentos nao vejo nada, pois o sol cega a minha vista, mas enquanto tenho meus olhos serrados sinto uma voz a entrar nos meus ouvidos, és tu, sim brincas com o nosso grande urso peluche, o nosso grande sao bernardo.
visto o meu robe vermelho de cetim, apanho os meus longos cabelos e vou ate a cozinha, vou buscar a farinha, os ovos, o leite e o açúcar, faço as panquecas que tanto gostas, vou a prateleira e tiro de la as tuas geleias e doces favoritos, meto a cafeteira no lume e espero que o café se transforme magicamente.

a porta faz barulho, és tu e o nosso cachorro grande, ele vem ate mim e espera por um abraço, tu vens e esperas um beijo, penduro-me no teu pescoço, e assim em pontas dou-te um doce beijo, tuas mãos levantam-me, pegas-me ao colo e levas-me para a cama.
lentamente me deitas, enquanto tua boca beija meu pescoço, tuas sentem minha pele, e as minhas vão-te despindo, meus lábios sentem o frio da rua agora no teu rosto.
agora ja nua, sinto minha pele irisada, pois tua mão sempre me provocou arrepios, beijo-te enquanto minha carne é agarrada por ti, o sol tenta aquecer mais o meu corpo ardente, mas mais não da, pois o tua presença aquece a minha alma, as tuas mãos o meu corpo, e a tua boca o meu interior, perdemos-nos aqui, nestes lençoes de linho, na nossa cama de ferro, neste espaço onde os quadros apenas tem historias do nosso amor e loucura para contar. enlouqueço sobre ti, tu agarras-me para me controlar, mas a tua loucura é maior que a minha. perdemos-nos nos beijos e desejo carnal.
deito-me de costas voltadas para ti, tu beijas meu rosto e abraças-me: amo-te, é o que me dizes, fecho os olhos e caio no sono, quando abro os olhos estou sozinha, o nosso cão ali esta no tapete a espera que acorde.
vou para a cozinha e como uma peça de fruta, olho para a janela e choro, as lágrimas escorrem, pois tu já cá não estas, morreste.

Friday, March 21, 2008

AMANHA



por ti chorei, por ti desmaiei sobre a almofada ja cansada de tantas lágrimas e dor. por ti quis viver, por ti quis lutar, por ti sonhei, por ti chamei na noite de trovoada.
queria estar contigo no jardim enquanto fazíamos um piquenique, contigo quis estar deitada na areia e ouvir o mar, contigo quis estar a janela e admirar a lua, queria cozinhar o teu prato favorito, acariciar-te enquanto dormias, aquecer a toalha onde te ias secar, queria te chamar para almoçar, correr na rua enquanto a chuva limpava os nossos corpos pecaminosos, queria te ver restaurar a cadeira encontrada numa loja ja velha, queria fazer-te chá para aquecer a tua mente inquietante, queria te poder tapara nas noites frias de Outubro, queria refrescar tua boca nas tardes de verão, queria te poder dar pão com doce nas manhas de Abril. passar a tua camisa favorita para a levares para o trabalho, coser o botão da tua outra camisa branca enquanto a lareira brinca com o fogo. beijar a tua testa enquanto lés o teu livro e descansas os teus pes na poltrona. dar-te um beijo de boa noite enquanto adormeces o teu corpo cansado, dizer-te que te amo sem ter medo de chorar.
estar nos teus braços no banco de baloiço e ver a lua contigo a meu lado, uma caneca de cha de menta na mão e um pires com biscoitos de canela e ver a lua cheia, sentir o teu beijo na minha cabeça e no meu ouvido sentir as tuas palavras de amor: amo-te, nunca te vou deixar.
mas de lacunas e mentira isto nao passa, vivo este sonho, imagino o teu beijo, deito-me com uma dor no peito e penso: é amanha, é amanha que ele volta para mim, que me vai dizer que me ama, e que vamos ter a nossa pequena vivenda e o nosso cao, quintal nas traseiras, um pequeno jardim a entrada com um banco de baloiço.
choro, sim choro todos os dias, pois tenho esperança de que é amanha, que é amanha que o vou voltar a ver, abraçar e dizer que o amo. amanha, é amanha.

Friday, March 7, 2008


pego numa tesoura e corto meu cabelo, as lágrimas escorrem pelo rosto, não consigo parar, pinto meu cabelo mal cortado, olho-me ao espelho e vejo-me, não me reconheço, não pelos cabelos agora negros e curtos mas sim pelo meu rosto desfigurado, as lágrimas moldaram um novo rosto, feio, triste, digno de um monstro.
vou ate meu quarto, agarro nas minha roupas e deito-as pela janela, agarro num fosforo e pego fogo a minha cama.
enquanto a cama arde eu sento-me no chão a sentir todo aquele calor no meu rosto. as chamas sao belas, grandes e fortes, no outro lado da porta trancada ouço meu pai a gritar, bate a porta com força e medo, a minha mãe chama por mim, "sai do quarto", diz ela, coitada, sabe que a sua filha esta prestes a morrer, mas é o que eu quero, sinto a calor aquecer a minha alma, meu rosto transpira, olho para o lado e vejo uma caixa de musica, tinha sido dada por ti, tu que agora deixaste-me, partiste sem mim.
as cirenes dos bombeiros esta cada vez mais perto, ate que de repente parou, ja aqui estão, ouço os seus grandes passos pela casa, minha mãe é agarrada enquanto grita e esprenheia, quer-me com ela, recusa-se a ver-me morrer. meu pai não larga a maçaneta ja quente suas mãos estão a quimar, mas nao sente a dor, apenas sente angustia por saber que estou ali.
sinto o ar acabar, sinto-me sem forças e vejo-te ali sobre as chamas, grito o teu nome, tento me aproximar, mas meu corpo ja falha, choro freneticamente por ti, apenas te quero ao meu lado. sinto a porta a ser forçada, tapo-a com a comeda meio em chamas, nao quero sair daqui, apqnas te quero ao meu lado.
sinto meus olhos a fechar, mas nao os fecho, os meus pulmoes deixam de funcinar, mas nao tenho falata de ar, meus braços nao mexem, mas nao me sinto presa. a porta finalmente é aberta, ouço os bombeiros, assim como o choro da minha mae, escorre uma lagrima pelo meu rosto enquanto sou levada ao colo, meus braços estao caidos e inanimados, sou metida numa maca e tentao dar-me oxigenio, mas nao quero, recuso-me a respirar ate que sinto o toque da tua mao sobre aminha, abro os olhos e vejo-te, estas aqui finalmente comigo, vejo uma luz intensa e quente por traz de ti, vejo o teu olhar, o teu sorriso. aproximas-te de mim e beijas-me, que beijo tao estranho, senti a vida acrescer dentro de mim, sinto o teu amor,m passam as saudades, e o teu gosto de pessego ainda se mantei. como te quero voltar a ver abro os olhos, mas estou no hospital, respiro por um tubo e tenho meus pais ao meu lado, eles sorriem quando me veem, mas eu, eu apenas choro, quero-te tanto sinto tanto a tua falta, preciso de mais um a beijo teu. a minha mae mete a caixa de musica ao meu lado e da-lhe corda, e assim deixou a tocar para mim, deixaram-me no quarto a ouvir aquela doce musica enquanto choro, choro sem parar, por vezes o choro é ao alto que nem a musica consigo ouvir.





o choro acabou, o seu coração acalmou, saiu daquele hospital com uma vida nova pela frente, um quarto novo, sem as doces recordações do seu amado, apenas a sua caixa de musica, seu cabelo era outro, ja nao era aquele que outrora foi acariciado pelas mãos do seu amado. seus pais abarçaram-na como se apenas de uma viagem se tratasse tal triste episódio, tudo estava diferente agora, e quando as saudades apertavam ela apenas olhava para o seu e ouvia a doce musica da caixa. encontrou outro amor, cresceu, casou, e viveu a sua vida como se nunca aquele incendio tivesse acontecido