Friday, January 25, 2008

alma perdida


aqui estou eu estou a vaguear pela chuva, com a minha saia preta que vai perdendo as pregas com a chuva, minha camisa branca de manga de balao esta translucida, mostrando meu busto molhado e frio, nao quero saber, fecho apenas meu casaco cinza de malha enquanto aperto minha barriga, mal consigo andar com os meus sapatos de verniz. sinto os seus pingos frios a percorrer o meu corpo dorido, nao de trabalho, mas do choro. fui enganada, traida, abandonada, nao sei o que pensar, apenas sei que nao estou em mim, sinto minha alma a sair do meu corpo, e assim vagueio, moribunda. minhas maos apenas consolam minha barriga, meus olhos choram mais que a chuva que percorre o meu corpo. sinto-me morta, mas ao mesmo tempo tempo sinto dor e angustia. este aperto na barriga nao passa, dizem que é o corpo a recusar a partida de alguem, que a saudade esta instaurada em nos, nao sei, nao sei se é dor por ter perdido se é dor de ter sido enganada, tantas palavras que me foram ditas e escritas, tantos gestos de amor e afecto, tantos olhares apaixonados, e agora aqui estou eu, ha chuva, apenas a chuva na esperança que esta dor seja lavada.
começo a cambalear, nao sei se é do peso dos sapatos ou se sao as minhas forças apartir.
ouço o meu nome, alguem me chama, olho para traz e la esta ele, a dez metros de distancia mal vejo seu rosto, esta igualmente molhado e cansado.
-estive atua procura em todo o lado. dizia ele enquanto tentava se aproximar.
-porque foges tu? da-me a tua mao. seu rosto mostrava tristeza e ignorância, nao sabia o que tinha.
- deixa-me, afasta-te, nao te quero mais, sai da minha cabeça, sai da minha alma, nao te quero amar, magoaste-me, mataste-me, deixa-me. enquanto isso as lagrimas escorriam meu rosto, meus olhos pareciam louco, e afastava meu corpo, para ele nao me alcançar.
- por favor, perdoa-me, desculpa ter-te deixado, fui um parvo, perdoa-me. caido de joelhos implorava pelo meu perdao, mas nao podia, nao conseguía, nao queria sofrer.
- o que eu quero é beijar-te, fazer amor contigo, aqui ha chuva, mas nao posso, tenho de te esquecer, deixa-me, DEIXA-ME. ja gritava irada, nao queria estar perto dele, ficava ainda mais louca e insana, e nao queria, nao queria mais. olhei para o rio, olhei para a cancela, o tempo estava bravo, aquela foz estava descontrolada, nenhum corpo ali seria salvo. aproximei-me, subi cada lance e fui olhando para aquela turbulência, tinha medo, mas olhar para traz era ainda mais petrificante, ouvi sua voz, nao resisti e saltei, cai na agua, senti meu corpo inundado pelo lodo, as ondas batiam no meu corpo e brincavam com ele. fui bebendo aquela agua suja, nao conseguia controlar, mas nao lutava, nao queria, pois em terra segura estava a minha pior insegurança, ele, uma pessoa que eu amo, mas tem medo de ficar comigo, que foge de mim, que nao me pode ver pois sabe que cai em tentaçao, nao quero mais ser afugentada, e dpois novamente agarrada, nao quero, nao posso, minha alma esta cada vez mais podre.fechei meus olhos, e deixei-me levar, morri.

1 comment:

Vanessa Lourenço said...

Tu disses-te ele matou a tua alma, mas a outra metade está comigo. Ainda bem que escolhes-te morrer para ele, pois ele ja devia ter sido incenerado de ti. São coisas que não compreendemos, são coisas que recordamos com perguntas retóricas "lembras-te de quando não tinhamos ninguém? De quando só existias tu e eu, quando nos tínhamos apenas uma à outra? Tenho saudades desses tempos, tenho saudades do que éramos, saudades de ser, simplesmente, assim." Uma menina ruiva de olhos avelâ esverdeados, com cintura de princesa e corpo de deusa, uma personalidade estridente, louca, linda, absolutamente mágica; uma menina loira, de olhos de cor inconstante, lábios carnudos e sorriso contagiante, alta e protuberante, o complemento da magia, da tua magia e vice-versa.
Não perdemos quem somos, mudámos porque tinha de ser, rasgaram-nos o vestido branco da inocência e fizeram de nós mulheres de vestidos bourdeaux. Para mim, não importa que não tenha ninguém, para mim não importa que tenha alguém, para mim não importa que estejas com ou sem alguém...o que importa é que a princesa de olhos claros do teu mundo encantado nunca te deixou, não deixa, não larga, fica e insiste porque está apaixonada, por ti. Amo-te minha fada de olhos únicos, mais do que ontem e menos que amanhã.***

Post Scriptum - és a única pessoa com quem faria um peeling no pipi...está prometido...ahah.***