Monday, February 16, 2009


Enquanto ela pintava no relvado das traseiras do seu prédio ele a admirava pela janela, não de forma escondida mas também não se mostrando. Ele apenas se perdia a olhar para a sua beleza. Lá estava ela, com ar calmo e feliz a pintar o que lhe vinha há cabeça, fechava os seus olhos inclinando a sua cabeça para o sol e sorria enquanto inalava o cheiro dos malmequeres e ouvia os pássaros a conversarem entre sim. Ele não entendia aquela necessidade de a ver, apenas sabia que lhe fazia bem, que o seu dia no trabalho correria melhor, que a comida teria mais paladar ao jantar e que ao ler jornal ele apenas conseguia absorver as coisas boas.
- Pareces o meu amuleto. Pensava ele enquanto a via brincar com o cão do bairro ao lado da sua tela magica, que apenas tinha cores garridas, que dançavam entre elas, criando uma trança de arco íris num dia de primavera.
Todos os sábados ela ia a praça e fazia o mesmo percurso com o seu carrinho das compras amarelo garrido e a sua cesta de verga as ricas vermelhas e verdes. Como ele se regalava ao ver a sua musa enquanto bebia o seu café na esplanada. Ela nunca lhe falava, mas sorria. Lá ia ela como sempre num sábado, com a sua saia branca rodada e um tope com pequenas flores em tons verdes e amarelos, de sabrinas para não se cansar e exibir o seu pé 36. Seu cabelo nesse dia estava ondulado revelando o sol entre ele, não só devido as suas nuances louras como uma pitada de vermelho a mistura que apenas o sol sabia revelar. Ele pensou em chama-la, meter conversa com sua pessoa, dizer o quanto ela era bela, poder agarra e dançar no meio da praceta enquanto as senhoras donas da idade os admiravam e recordavam as suas paixões antigas. Queria poder correr com ela entre as arvores do bosque que ela desenhara em tempos, leva-la para a praia que ela descrevera numa história contada as crianças da zona. Poder provar o seu chá de hortelã que todas as segundas feiras fazia para as amigas que lá jantavam. Inalar de perto os seus biscoitos de canela que aos domingos dançavam por entre as arvores e entravam na sua janela enquanto ele via a sua silhueta nua no quarto. Como ele gostava de a camisa de noite percorrer a sua pele, ele só imaginava a suavidade da sua pálida pele, a doçura dos seus cabelos sobre as costas arrepiadas com o frio. Mas acobardou-se apenas se levantou da cadeira com brusquidão. Não revelou o seu desejo de a beijar mas ao menos viu o seu olhar assustado cortado com um sorriso malandro. Mas lá seguiu ela o sei trilho habitual, rumo ao seu canto que para os olhos dele era magico.
Depois de arrumar as compras, salgar o seu peixe, arrumar a fruta na fruteira de barro branco feito pelas suas mãos, de aquecer a agua para o seu chá de morango e fazer o seu arranjo de flores brancas e laranjas, as únicas que combinavam com a sua sala, seguiu para o seu canto de leitura, a sua antiga varanda agora fechada mas com as janelas corridas para que o vento da primavera a percorresse e dança-se por entre a sala, os seus cortinados translúcidos encantavam enquanto que ela repousava na poltrona e lia um pouco, ele apenas sentia o seu cheiro a pêssego e via os seus pés. Como gostava ela de descansar os seus pés cinderalianos há janela.
A jovem estava cansada e assim caiu num leve sono com um sorriso no rosto. Sabia que alguém sentia o cheiro de canela do seu cabelo, que alguém a admirava enquanto se vestia no quarto sem os estores cerrados.
Depois de acordar do seu sonho magico, onde apenas via o sorriso do jovem que morava no terceiro andar da torre sete, decidiu arregaçar as mangas, foi ate a cozinha e fez a sua melhor tarde, a de maça, de longe ele já sentia o cheiro do açúcar caramelizado misturado com gotas de limão. Ela apenas ouvia o som da agua a ferver enquanto corria a buscar o pote de chá de hortelã. Tomou um banho rápido enquanto o chá se misturava com agua fervorosa, vestiu o seu vestido vermelho com pitadas de branco, de alças finas, que apenas mostravam a delicadeza dos seus ombros, seu busto era coberto como se o vestido fosse um corpete, espremendo bem a cintura e fazer debutar os seus seios, antes da anca o vestido já vincara, criando assim uma grande e volumosa roda. Nas suas costas avistava-se uma carreira de pequenos botões brancos que de forma delicada escondiam a sua pele.
Apanhou o seu cabelo , deixando apenas a sua franja já meio comprida de lado, favorecendo assim o seu rosto. Um pouco de lápis preto para aumentar o seu olhar saliente, um pouco de blush sobre as sua face escondendo um pouco o futuro corado e no fim batom vermelho com um toque de pó branco no centro do lábio inferior criando assim um lábio desejoso de beijar.
Olhou-se ao espelho ajeitou os seus peitos e seguiu para a cozinha, para desenformar a sua tarde pecaminosa e colocar o chá num bule chinês que comprara na feira da ladra.
Masssssss, mas tinha medo, medo que aquilo fosse fruto da sua imaginação, nem uma palavra tinham trocado, apenas olhares, mas nada mais que isso, podia ser coincidência e não paixão.
Foi ate a sua vizinha do primeiro andar e deu a tarte.
- Tome, espero que goste.
- Obrigada minha querida já estava mesmo para subir, pois este cheirinho é irresistível. Fazes-me companhia?
- Obrigada, ma vou para o jardim ler um pouco.
Ali foi ela cabis baixa, com uma mão sobre o livro e outra escondida no pequeno bolso voltado de branco. Sentou-se no chão e suspirou com um pequena lágrima a escorrer pelo seu rosto, mas mal desceu pela sua face, pois uma mão interrompeu o seu destino.
Ao sentir uma mão olhou admirada, com um olhar molhado e pesado e a boca semi cerrada, que logo esboçou um pequeno e sumido sorriso.
- Porque choras, estas triste?
Perguntou ele um pouco assustado e triste pela magoa da sua amada.
Ela abanou a cabeça com delicadeza como forma de não enquanto fechava os seus olhos.
-Foi o sol.
As suas caras logo esqueceram a tristeza e apenas sorriram com um ar apaixonado. Ele deitou a sua cabeça sobre o colo da sua musa e esta leu-lhe uma história escrita por ela.
De longe via estes apaixonados e pensei, a vida é bela. Mas agora peço, xuuuuuuuuuuuu não façam barulho.

1 comment:

Vanessa Lourenço said...

Consigo visualizar perfeitamente o vestido, os cabelos, os lábios. Sentir o cheiro a canela, a tarte de maçã, a pêssego. Consigo ver(te) assim em breve. 2004 volta, só que no final não tem um 4, só isso. Je t´aime m´Ámelie.***